UM LUGAR SILENCIOSO (A Quiet Place, 2018)
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UM LUGAR SILENCIOSO (A Quiet Place, 2018)

À espera da continuação do surpreendente thriller de horror de John Krasinski, que tal uma espiada no que o escritor Jefferson Sarmento achou do primeiro filme?

Pois esta aqui é uma resenha sem resenha. Ou melhor, sem sinopse. Sem sequer uma pista da história de Um Lugar Silencioso. Se você conseguiu chegar a 2021 sem ter visto ao filme, sem ter lido nada sobre ele, recomendo que fuja de qualquer comentário que possa sequer dar uma pista sobre como o filme se desenrola, quem são os personagens ou sua trama.

Faça como eu, assista ao filme sem qualquer informação exceto uma: é um dos melhores filmes de terror já produzidos nos últimos anos - que andam meio carentes de criatividade e competência.


O impacto de A quiet place me traz recordações da minha primeira sessão de Evil Dead, que deixou o adolescente oitentista que eu fui com medo de verdade e seriamente empolgado. Não estou falando de similaridades na trama – não há nenhuma, é outro tipo de filme. Estou falando da capacidade de uma história me surpreender – por sua trama e pela maneira como é contata. Pela inventividade de certas escolhas criativas para os personagens e por visitar lugares comuns com uma abordagem impactante, brusca, nervosa, tensa.


John Krasinski se multiplica no papel de diretor (competentíssimo), ator (daquele tipo que você jura já ter visto em algum lugar, nalguma ponta em filmes ou seriados), produtor executivo e roteirista – trabalhando a seis mãos na adaptação da história imaginada por Brian Woods e Scott Beck; escritores e roteiristas com poucos trabalhos anteriores e nenhum filme ou episódio de série de destaque. Aqui, porém, desenvolvem um roteiro original, comprado pela Paramount, com uma criatividade e competência ímpar no quesito: vamos contar uma história que vai te deixar nervoso. Inicialmente foi pensado para ser parte de um dos filmes Cloverfield (aquela franquia estranha, mas com alguns filmes legais, do J. J. Abrams), mas os produtores optaram (acertadamente) por um filme novo, independente de outras produções.

Filmado com a bagatela (para os padrões da indústria americana) de 17 milhões de dólares, gastos principalmente em locações e na compra de vinte toneladas de milho para uma cena num silo – tensa como todo o filme – arrancou elogios de Stephen King, que disse ser o “silêncio” o responsável por fazer da câmera uma espécie de olhos do espectador – olhos arregalados de pânico, medo, tensão.

John Krasinski divide a cena com sua esposa, repleta de sucessos como coadjuvante em Sicário, No limite do amanhã (com Tom Cruise), Looper (com Bruce Willis), mas também protagonista do interessante A Garota do Trem. Além deles, três crianças e uma aparição relâmpago de um velho na floresta – ao lado do corpo de uma velha morta. O elenco mínimo é mais do que suficiente para contar uma história silenciosa e tensa do início ao fim – ao finzinho mesmo! Sem te dar tempo para chorar perdas ou se encostar numa parede por alguns segundos, só pra recobrar as forças.

Recomendo Um lugar silencioso com toda a empolgação de um garoto quase cinquentão redescobrindo agora um gênero que, eu achava, não traria mais nada de surpreendente.

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