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Alice em silêncio
de Jefferson Sarmento

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Em meio ao caos de uma catástrofe natural, Pedro resgata Alice, uma garotinha assustada e misteriosa. Enquanto vagam por uma cidade em ruínas, rumores surgem: Alice teria curado alguém apenas com um toque. Seria possível?

Jefferson Sarmento nos conduz por uma narrativa envolvente, onde o real e o sobrenatural se entrelaçam, explorando os limites da fé, da esperança e da ganância humana. Alice em Silêncio é uma obra que desafia percepções e mergulha nas profundezas da alma humana.

ALICE EM SILÊNCIO
de Jefferson Sarmento

E se no meio de uma terrível tragédia você descobrisse alguém capaz de curar as piores feridas e as enfermidades mais cruéis com apenas um toque?

 

Alice é apenas uma garotinha assustada, resgatada dos escombros de um deslizamento na estrada, no meio de uma tempestade feroz e destruidora. Pedro também foi arrastado com ela e esteve à beira de desistir (de "ishcorregar", o locutor de fala arrastada repetia dentro de sua cabeça), mas aquele estranho sonho em que via a menina com seus grandes olhos azuis assustados... aquilo o fez voltar a si.

 

Precisava tirá-la de lá! Vagando em direção à cidade, eles testemunham a destruição e a dor dos sobreviventes da catástrofe. Desabrigados, feridos, enfermos, mortos... E em meio ao caos surge o rumor de que Alice talvez... talvez tenha curado uma pessoa quando a tocou.

 

Poderia ser possível? Num mundo real, palpável e cruel... poderia ser possível? Pedro insiste que não, mas talvez esteja apenas tentando protegê-la, porque a cada instante parece mais evidente que a verdade... Pedro sabe a verdade. Mas não pode contá-la. Não agora. Porque ele sabe do que as pessoas são capazes para conseguir o que querem.

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FICHA TÉCNICA
_________________________

Páginas: 216

Formato: 15 x 21 cm

Peso: 290g

Acabamento: brochura

Papel: Pólen 80

ISBN: 9788536644370

Selo: Scortecci

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Alice

No vidro de trás do furgão, com as mãos pequenas espalmadas e o rosto borrado pelo vapor da respiração, estava uma criança. E então houve aquele barulho. Era um chiado. Ou foi por um ou dois segundos. Veio da esquerda, mas um pouco mais à frente. E tornou-se um estrondo. Era um berro, um rugido ensurdecedor. E percebi do que se tratava. Freei e engatei a marcha à ré, mas não consegui sair dali.

Senti o carro ser empurrado para a direita num tranco violento. E virar completamente. Não podia ver onde estava a borda, mas quando a parte traseira do veículo começou a subir vertiginosamente, entendi que ia cair pela ribanceira até o mangue. Ouvi e senti vidros se estilhaçando. Fechei os olhos e segurei com força o volante. Não havia mais o que fazer a não ser esperar o fim daquilo; da avalanche que descia implacável da encosta íngreme naquele ponto da estrada.

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Nos trilhos do trem

Escorregou de lado e desabou sobre o trilho suspenso. Bateu violentamente com a barriga sobre ele e girou ao seu redor, raspando um braço dolorosamente enquanto descia depressa. As pernas sacodiram no nada, mas ela conseguiu, sei lá como, enganchar o outro braço na linha. O corpo balançou feito um pêndulo e quase fez com que se soltasse. Não gritou ou se debateu. Enquanto eu me aproximava depressa do local onde ainda havia dormentes, ela ficou ali tentando se estabilizar. Girou o corpo para alcançar o trilho com a outra mão. Estava no meio do caminho e simplesmente começou a se arrastar para a outra borda. Usava um braço em gancho para se manter presa e a mão livre para puxar o corpo. Levou quase um minuto inteiro e chegou do outro lado. Usou as pernas para escalar a borda de um dormente e ficou deitada sobre ele por um tempo.

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Pedido de socorro

Naquele instante, sob a chuva forte, a única coisa que consegui raciocinar foi que ela estava na traseira do furgão. E o furgão estava ali na frente, quase todo enterrado. Assim como a lama e a água da chuva me cobririam se não saísse do que restara do meu carro, ela corria perigo. Mas andar sobre o desmoronamento era um exercício complexo de paciência e de dor. Cada passo era uma dificuldade diferente. Parte da lama era mole e corrediça; os pés se enfiavam nela e perdi os tênis muito antes de chegar ao furgão. Parte do caminho atravessei me arrastando. A única coisa que tinha em mente é que havia uma garotinha naquele carro. E ela morreria se eu não chegasse lá. Não havia mais pensamento em minha mente. Não havia mais nada. Muito depois, quando contei isso a Pati, ela disse que parte desse torpor era meu estado de choque. A outra parte era Alice pedindo socorro.

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A Linha Mortal

Posso dizer que o espaço de tempo entre o primeiro toque e o fim daquilo tudo não pode ter levado mais que cinco ou seis segundos. Para mim, no entanto, foi uma eternidade inteira. Eu estava morrendo. A linha estava mesmo ali e se aproximava depressa. A linha mortal que o Andarilho não podia ver sozinho, que não podia atravessar. Eu tinha que carregá-lo de volta, porque ele não poderia sozinho. Mas aquela coisa que veio com ele, seu toque invertido e doente, não deixava margem para qualquer esperança.

Ele acordou naquele chão frio. Acordou gritando, urrando de dor. Vomitou no plástico preto e saiu rolando para um canto da sala escura. Tossiu e se bateu contra a parede. A dor devia ser mesmo lancinante. Ele chorou e ficou repetindo: Por quê? Por quê? Eu sabia o que havia acontecido. Eu sabia que não estava certo. Eu sabia que ele não deveria...

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