Luís da Câmara Cascudo: O Guardião das Nossas Histórias
- Jefferson Sarmento
- 3 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de out.
Redescobrindo o Brasil com Câmara Cascudo

Você já ouviu falar no Saci, no Curupira, na Mula-sem-cabeça. Essas figuras, que povoam nossa imaginação desde a infância, muitas vezes parecem soltas no tempo, como se sempre tivessem existido, sem dono, sem origem. Mas alguém precisou ouvir, registrar, contar e recantar essas histórias — e esse alguém foi Luís da Câmara Cascudo.
O homem que andava pelas ruas de Natal como um cronista atento, que ouvia os mais velhos na beira da calçada, que perguntava sobre gestos, comidas, palavras e lendas como quem decifra um mapa do Brasil profundo. Mais do que um estudioso, Cascudo foi um apaixonado: fez do Folclore Brasileiro seu lar e nos deixou as chaves da porta. Abrir essa porta é se reconectar com o que somos.
Quem foi Luís da Câmara Cascudo?
Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1898, e viveu praticamente toda a sua vida ali, como quem prova que não é preciso atravessar oceanos para explorar mundos. Ele foi jurista, professor, historiador, musicólogo, jornalista, mas, acima de qualquer título, foi um curioso incansável das tradições brasileiras.
Foi nas conversas de varanda, nos quintais, nas feiras, nas viagens curtas pelo sertão e pelo litoral que Cascudo construiu seu maior legado: um Brasil contado pelas pessoas comuns, pelos gestos cotidianos e pelos sabores da terra. Não se limitou a teorizar sobre o folclore — ele viveu o folclore. E talvez por isso sua obra continue tão viva, tão necessária.
A Paixão pelo Folclore: O Brasil nos Pequenos Detalhes
Para Cascudo, o folclore não era um objeto de museu, nem um relicário preso ao passado. O folclore era um modo de estar no mundo — presente no cheiro do cuscuz, no balanço da rede, no jeito de sentar à mesa, nas palavras que atravessam gerações sem que a gente perceba.
Ele mergulhou no Brasil oral e invisível, aquele que resiste mesmo quando não está escrito. Escutava contadores de histórias, vaqueiros, pescadores, cozinheiras, ex-escravos, e registrava tudo com um rigor amoroso. O que parecia simples, ele sabia: era essencial. E nos ensinou que o folclore não é apenas lenda — é gesto, é fala, é comida, é crença.
Por Onde Começar a Conhecer a Obra de Câmara Cascudo
Se você deseja conhecer o Brasil através dos olhos de Câmara Cascudo, aqui estão algumas portas de entrada:

Dicionário do Folclore Brasileiro — Uma verdadeira enciclopédia que reúne, com cuidado e paixão, as tradições, os mitos, as festas e os costumes que desenham o Brasil cultural.
Contos Tradicionais do Brasil — Uma coletânea saborosa de histórias populares, passadas de boca em boca, que nos fazem sentir parte de algo maior.
História da Alimentação no Brasil — Um banquete de descobertas sobre os sabores que construíram nossa identidade, das raízes africanas aos temperos nativos.
Vaqueiros e Cantadores — Um retrato lírico e documental da vida sertaneja e dos cantos que ecoam pelos campos.
Cada obra é um convite para ver o Brasil com mais carinho, mais curiosidade e mais orgulho.
Por que Câmara Cascudo Importa Hoje?
Num tempo em que se discute tanto sobre identidade, pertencimento e memória, a obra de Câmara Cascudo ganha um brilho ainda mais intenso. Ele nos lembra que o Brasil é feito de muitas vozes, de muitas mãos, de muitas mesas — e que tudo isso importa.
Quando recuperamos um causo, um prato típico, um rito regional, estamos reconstruindo os fios da nossa própria História. Cascudo nos ensinou a olhar para dentro, para perto, para o que muitas vezes esquecemos.
O folclore, para ele, era um espelho — e talvez, ao nos vermos ali, possamos entender um pouco melhor quem somos.

O Homem por Trás do Folclore: Curiosidades
Luís Câmara Cascudo nunca saiu do Brasil, mas foi reconhecido internacionalmente por sua obra sobre a cultura nacional. Costumava receber todo tipo de gente em sua casa, anotando com paciência cada história contada por pescadores, lavadeiras e viajantes. Dizia que não gostava de viajar porque já havia um mundo inteiro para explorar nas ruas da sua própria cidade.
E, veja, não estamos falando de um folclorista de gabinete — era um colecionador de gente!
Um Convite Aberto: Continue a Viagem
Luís da Câmara Cascudo nos deixou uma herança preciosa: o Brasil contado com afeto e escuta. Seguir os passos dele é aprender a prestar atenção no que muitas vezes ignoramos: o jeito como nossos avós falam, as lendas que resistem nas pequenas cidades, os sabores que contam histórias.
Quem sabe a próxima grande história popular não esteja bem aí, na esquina da sua rua?
Cascudo abriu a porta. Cabe a nós atravessá-la.

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