

A menina que fotografava estranhos
de Jefferson Sarmento
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Um clique entre dois mundos —
uma herança que revela e condena.
Para Mag Ventura, a fotografia é uma janela para um universo sobrenatural que só ela pode ver. Mas quando um de seus cliques a transforma de observadora em presa, ela é caçada por criaturas saídas das lendas mais sombrias. Forçada a fugir, Mag mergulha nos segredos de uma família que nunca conheceu e no sacrifício que marcou seu nascimento, numa jornada que desafiará os limites da realidade e a forçará a aceitar a magia que corre em seu próprio sangue.
A MENINA QUE FOTOGRAFAVA ESTRANHOS
de Jefferson Sarmento
Para Mag Ventura, a fotografia não registra a realidade — ela a revela. Seu dom de capturar os "estranhos" que se escondem nas frestas do nosso mundo a transforma de observadora em presa, quando uma de suas fotos a coloca na mira de caçadores saídos dos pesadelos mais antigos.
A fuga brutal que se segue revela uma verdade devastadora: seu pai mentiu sobre tudo. Sobre a morte de sua mãe, sobre a família que ela nunca conheceu e sobre a magia selvagem que corre em seu próprio sangue. Lançada em uma busca desesperada por respostas, sua única pista a leva a Ouro Velho, uma cidade assombrada pelo passado, e a um segredo que une sua família a um pacto antigo com a Mata.
Mag descobre que seu poder é uma herança, e que o sangue de dois mundos em conflito corre em suas veias. Mas para confrontar a escuridão que a persegue, ela precisa primeiro entender:
Essa herança é um dom ou uma maldição?
FICHA TÉCNICA
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Páginas: 370
Formato: 16 x 23 cm
Papel: Pólen 80
Encadernação: Brochura
Selo: Tramatura
Gênero: Fantasia, suspense sobrenatural, folclore
Peso: 600g
ISBN: 9786585657440
OS MONSTROS SÃO REAIS. E ELES SABEM SEU NOME.

A REALIDADE NUNCA ESTEVE EM FOCO
E se a realidade que você conhece fosse apenas a camada mais fina de um mundo antigo e selvagem, serpenteando logo abaixo da superfície? Para alguns, a fotografia congela um momento. Para Mag Ventura, ela é capaz de revelar o que está sob a realidade.
Desde os treze anos, Mag carrega um dom que é também um segredo solitário: sua câmera não mente. Ela captura o que os olhos se recusam a ver — os "estranhos". Um vulto no canto do quadro, uma presença em um quarto vazio, um fantasma no meio da praça. Enquanto seu pai, Severo, descarta tudo como borrões e erros de foco, Mag coleciona provas de que não estamos sozinhos. Ela vive em dois mundos, o visível e o revelado, sem saber que essa fronteira está prestes a se romper violentamente.
O CLIQUE QUE DESPERTOU OS MONSTROS
Tudo muda em uma tarde quente na Bahia. Um clique, uma foto impossível e o segredo de Mag se torna uma sentença. De repente, ela não é mais a observadora, mas a presa. Criaturas implacáveis, saídas das lendas mais sombrias e esquecidas do Brasil, emergem das sombras para caçá-la. A perseguição é brutal e a fuga desesperada revela uma verdade devastadora: a vida de Mag, o silêncio de seu pai, a morte de sua mãe — tudo foi uma mentira para escondê-la de sua própria herança.
Lançada em uma jornada que a arrasta para o coração de um Brasil de magia e perigo, Mag descobre que o sangue de dois mundos em conflito corre em suas veias. De um lado, os Ventura, guardiões de um pacto antigo com a Mata. Do outro, os Lobato, uma linhagem marcada por uma maldição ancestral. No centro de tudo, está ela, a peça que pode redefinir o equilíbrio ou destruir tudo.
UMA JORNADA PELO CORAÇÃO DO BRASIL FANTÁSTICO
A Menina que Fotografa Estranhos é mais do que uma aventura. É um mergulho em um universo onde o folclore brasileiro é tratado com a seriedade de uma mitologia viva. Guiada por aliados inesperados — uma pintora de estranhos, uma avó pistoleira, um menino indígena que talvez conheça os segredos da Mata — Mag precisa navegar por um mundo regido por regras que não compreende. Um mundo onde curupiras são caçadores impiedosos, um poço pode ser um portal para o inferno e o amor pode ser a passagem mais perigosa de todas.
Misturando o ritmo de um suspense sobrenatural vertiginoso com a construção de mundo de uma grande fantasia, Jefferson Sarmento cria uma história viciante sobre identidade, luto e o poder inescapável do passado. É uma jornada para descobrir que a câmera era apenas um filtro e que o verdadeiro dom — e a verdadeira maldição — sempre esteve em seus olhos.
TRECHOS DE "A MENINA QUE FOTOGRAFAVA ESTRANHOS"

O Assombrado
Ouviu um urro. Virou-se e olhou a ribanceira. A meio caminho havia uma enorme árvore seca, os galhos arranhando o firmamento como dedos tortos e ameaçadores. Milhares deles. Bem a seus pés ficava uma laje de pedras escuras em cujo centro estava o poço. E Malaquias teve certeza de que o urro viera de lá. Era isso. Malena o arremessara ali para alimentar a coisa que havia no poço.
Nem se deu conta que era dia outra vez. Lá dentro da casa, quando a maldita matriarca dos Lobato surgiu de cabeça para baixo, a noite cobriu o céu naquela ilusão de pesadelo. Ali fora, o dia voltara quente e resplandecente, da forma como estava no momento em que entrou no sobrado — e nunca houve uma noite de verdade, não enquanto estava lá dentro.
Ou houve?
Engoliu em seco. Os olhos miraram com atenção a borda do poço. Tinha que ir embora. Mas os pés estavam cravados no chão como se enraizados.
E então surgiu aquela mão pela borda do poço. Branca, magra, esquálida. Subiu do nada e agarrou as pedras de apoio.

Doli Carabina
Caminhando com os dois revólveres escovados reluzindo nas mãos, um gorro antigo de aviador na cabeça e os olhos atrás daqueles óculos engraçados, Dolores Lobato fez uma careta e estendeu o braço esquerdo na direção do Tyrá, que rolava aos berros para longe de Ndê Baru. Disparou sem titubear. A arma sacudiu em sua mão, a fumaça e o cheiro de pólvora rescendendo enquanto Godoia terminava de manobrar o avião lá atrás, endireitando o Bicudo para usar o espaço curto da pista até onde o homem cinzento ainda tentava conter os outros curus.
O tiro acertou o farejador esquisito, que urrou de uma dor lancinante e rolou para trás, para mais longe de Baru. As pessoas perto do ônibus finalmente acordaram de sua letargia hipnótica ao perceberem que havia uma velha atirando no meio da pista, caminhando pelo asfalto como um pistoleiro num velho filme de faroeste, abatendo inimigos e mirando outros.


Pedro Ventura
Ficou ali parado por um tempo, olhando as folhas e galhos da enorme árvore. Seu filho, quando garoto, batizara-a de “Senhora de Espadas”, porque era o tipo de manga de gosto forte e formato longilíneo que ela produzia. Com o tempo, usara a mangueira como uma espécie de fortaleza ou castelo onde se abrigava antes de correr pelo terreiro em suas lutas imaginárias, caçando dragões e salvando donzelas. No fim de suas guerras invisíveis, às vezes imaginariamente ferido da batalha, voltava para recostar-se ao tronco do castelo e se consolar com a Senhora de Espadas, contando seus feitos e jurando vingança contra os inimigos quixotescos.
Uma ou duas vezes, Tonho Severo despencara lá do alto. Quebrou ossos e se ralou inteiro. Pedro Ventura alertava: o último galho, o mais perigoso, um dia vai te matar!
Mas fazia treze anos que o Nhô Ventura não via o filho — Tonho Severo devia ser um homem de cabelos grisalhos agora.
O Eté
O curu Eté, que um dia fora o rei, chegou à borda dos morros íngremes como falésias, na entrada do Costão. Não se deteve. Correu sua corrida veloz e impossível para o rio Ferro, no exato ponto da travessia onde ficavam as costas da Fazenda Mãe D’água. Claro que o caminho comum era pela Trilha do Torto, mas ela passava bem acima do Remanso e o Eté não queria que a Velha o visse. Desenhou, portanto, pelo labirinto de morros e vales, pelas passagens, e emergiu ali. Não parou por nada, porque precisava avisar o Ventura sobre o trato da Mata com aquela bruxa maldita. E havia aquela outra coisa.
Parou bem no meio do caminho, aturdido. Olhos grandes arregalados, girou o pescoço por todo lado para entender o que estava errado. Sentiu um cheiro leve de fumo. E soube do que se tratava. Virou-se todo na direção do rio e encarou aqueles dois pontinhos de olhos em brasa. Lá estava. Eles silenciavam entre as folhas de uma moita lá adiante.
— Saçurá...